História
História do município.
Publicado em 08/05/2014 10:00 - Atualizado em 30/03/2023 14:55
DADOS GERAIS
Distrito sede: Morada Nova de Minas
Distritos: Sede e Frei Orlando
Emancipação: 1943
Fundação: 1852
CEP: 335628-000
Mesorregião: Central Mineira
Área do Município: 2.091,1 km²
População: 8.955 habitantes (2021)
Principal atividade econômica: Piscicultura, agricultura, pecuária, extração de carvão vegetal e turismo.
Bacia e componentes hidrográficos: Bacia do Rio São Francisco
Principais rios: Sucuriu, Indaiá e Borrachudo
Represa: de Três Marias
Legislação Urbana Municipal: Código de Posturas Municipal Lei número 753/88; Código de Obras Lei 740/87
Altitude máxima:913m na Serra Selada
Altitude mínima:583m na Represa de Três Marias
HISTÓRICO GERAL
Morada Nova de Minas, pequena e bela cidade, possui sua história intimamente ligada às águas do Rio São Francisco e à religiosidade local.
Segundo o arquivo oficial da administração municipal de Morada Nova de Minas, a história local começa da seguinte forma:
“O povoamento inicial de Morada Nova de Minas veio do norte, via São Romão; mais tarde, famílias do termo de Pitangui complementaram esse povoamento. Na barra do Paraopeba, o primeiro morador de que se tem notícia, em 1737, é José de Faria Pereira, mencionado como vizinho fundador de Papagaio. José de Faria Pereira tornou-se verdadeiro potentado, fazendo coleções de sesmarias.
Em 1738 obteve duas sesmarias; a primeira, em 07 de novembro, na foz do Paraopeba, onde se havia fixado com a criação de gado, na fazenda denominada Barra, que adquirira de Manoel Moreira. A outra, com data de 14 do mesmo mês e ano, ao lado de Tomé Rodrigues da Fonseca, na Extrema. Em 1742, José Pereira conseguiu mais uma sesmaria de três léguas quadradas, para os lados do Indaiá até sua primeira fazenda da Barra.
Na região da Extrema, estabeleceu-se Tomé Rodrigues da Fonseca, justamente ao sul da atual cidade, onde obteve sesmaria em 1739. Entretanto, o que se declara o primeiro morador da região do Sucuriú é Antônio da Costa Madureira, que obteve sesmaria em 1747. Seu sítio chamava-se Palmeiras, mas os confrontantes que mencionam Cel. Bernardo de Souza Vieira, no Sucuriú, e Dionísio Pereira de Castro, para os lados do Indaiá, indicam que já encontrou povoadores na região que fica entre o Sucuriú e o Indaiá.
Na região do Sucuriú, do outro lado do São Francisco, estabeleceu-se José Nunes Pinto, com sesmaria obtida em 1760. O povoamento foi se intensificando, mas a maior parte dos povoadores não se preocupou em retirar o diploma da sesmaria. Muitas foram concedidas de 1801 a 1804, nas imediações do Borrachudo: Manoel Inácio da Fonseca, João Dias Rosa, Vicente Teixeira, Antônio da Costa, dentre outros.
Segundo Jurandyr Pires, na obra “Enciclopédia dos Municípios Mineiros”, Dona Inácia Maria do Rosário, habitante da Fazenda Saco Bom, ordenou a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora do Loreto em 1810, em uma área de 180 alqueires doados, por ela, à Igreja, para abrigar as missões pregadas por franciscanos advindos de Pernambuco. Com o crescimento paulatino do número de fiéis, a citada Senhora promoveu a construção de uma residência ao lado da capela, esta foi sua “Morada Nova”. Várias pessoas da região implantaram aí também suas residências, formando uma primeira comunidade dedicada à lavoura e à criação de gado. Crê-se que a construção da residência e a formação da primeira comunidade se deram entre as décadas de 1820 e 1840.
Em 1842 a região da capela tornou-se curato de Nossa Senhora do Loreto, incorporada à Paróquia de Nossa Senhora de Dores do Indaiá, pela lei providencial 239.
A lei providencial 603 de 1852 criou a freguesia de Nossa Senhora do Loreto da Morada Nova, locada sobre a influência do Bispado de Pernambuco. Em 1861 a comunidade passou à responsabilidade da Diocese de Mariana, conforme deliberação do Ministério do Império, de 17 de abril de 1861.
A capela de Nossa Senhora do Loreto foi substituída por uma igreja matriz entre 1935 e 1943. A Freguesia foi elevada a categoria de Vila pela lei 312 em 1º de janeiro de 1939. Sua mudança de Distrito à Cidade, que ocorreu em 1943, obtendo o município o nome de Morada. O local, antes de chamar Morada Nova de Minas, teve as seguintes denominações: Morada Nova do Indaiá; Nossa Senhora de Loreto de Morada Nova; Morada Nova; Morada e Moravânia, segundo dados coletados no site oficial da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Jurandyr Pires ainda explica como a pequena comunidade foi convertida em cidade passando pelo status de distrito.
A cidade de Morada Nova de Minas foi distrito da cidade de Abaeté, criado pela Lei Providencial 603 de 21 de maio de 1852 e obteve confirmação de tal status pela Lei Estadual 2 de 14 de setembro de 1891. A Lei Estadual 843 de 7 de setembro de 1923, que estabeleceu a divisão administrativa do Estado, mostra o distrito ainda subordinado à Abaeté, mas, com o acréscimo de algumas terras que antes pertenciam ao antigo distrito de Canoas. A esta época o distrito, que hoje é a cidade de Morada Nova de Minas, chamava-se Nossa Senhora do Loreto de Morada Nova.
O Decreto lei Estadual 88 de 30 de março de 1938 dá ao distrito a alcunha de Morada Nova. Em dezembro de 1938, o distrito perdeu parte de seu território para a formação do distrito de Biquinhas, em respeito ao Decreto Lei Estadual 148.
O Decreto Lei Estadual 1058 de 31 de dezembro de 1943, que formalizou a então divisão judiciário-administrativa do Estado de Minas Gerais, criou o Município de Morada, sendo que este foi criado com dois distritos, o sede (ex distrito de Morada Nova) e o de Biquinhas. O citado decreto lei ainda previa que o novo município seria subordinado ao termo e à Comarca de Abaeté. À criação do município, segundo informações do sito oficial da administração municipal, foi lido o seguinte discurso, pelo Juiz de Paz da época, Sr. Alvini Álvares da Silva:
"Na forma da lei, e de acordo com o rito previsto, tendo em vista a salvaguarda jurídica dos direitos do povo, o resguardo da tradição histórica da Nação e a solidariedade que deve unir todos os brasileiros em torno dos ideais superiores de uma Pátria una e indivisível, bem organizada para bem defender-se, culta e progressiva para fazer a felicidade de seus filhos, eu, Alvim Alvares da Silva, Juiz de Paz, em nome do governo do Estado, declaro confirmados para todos os efeitos, no quadro territorial desta unidade da Federação Brasileira, segundo o disposto na Lei Orgânica Nacional N. 311, de 2 de março de 1883, e no decreto-lei Estadual n. 1058 de 31 de dezembro de 1943, todas as circunstâncias que tem por sede esta localidade, que ora recebe os foros de cidade, bem assim o distrito de Biquinhas, ficando a sede deste investida na correspondente categoria de vila."
De acordo com a Lei Estadual 336 de 27 de dezembro de 1948, que fixou a divisão territorial do Estado, o município teve seu nome mudado para Moravânia, passando a possuir um distrito mais, o de Frei Orlando. A citada Lei previu a continuidade da subordinação deste município ao termo e à comarca de Abaeté.
O atual nome de Morada Nova de Minas, foi oficializado pela Lei Estadual 1039 de 12 de dezembro de 1953. A citada Lei também criou a comarca de Morada Nova de Minas, e sua instalação se deu em 31 de março de 1955.
Segundo dados coletados no site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no Plano Decenal Municipal de Educação 2006-2015, em 1960 a cidade encontrava bom nível de desenvolvimento de seus campos de cultivo, quando começaram os trabalhos de inundação da região para a construção das represas da hidrelétrica de Três Marias. As águas inundaram campos, vias de comunicação e áreas de pastagem. A cidade ficou "ilhada", com seu desenvolvimento paralisado por muitos anos.
Sobre a inundação, o site http://www.cidadesnet.com.br/moradanova/historia/index.htm conta a seguinte história:
"Em 1960, no auge de seu desenvolvimento foi surpreendida pelas águas da represa de Três Marias, que trouxeram sofrimento e tristeza. Inundando terras férteis, as vias de comunicação, privando-a dos meios normais de subsistência, a cidade ficou ilhada e seu desenvolvimento paralisado.”
"Aconteceu sem ninguém saber explicar direito, quando um pequeno avião sobrevoou a cidade e jogou alguns folhetos avisando que a cidade, dentro de poucos dias, seria inundada.”
“Algumas pessoas acreditaram e começaram a se prevenir, outras não acreditaram e a maioria não sabia o que é que estava por vir. Foi uma catástrofe!"
As águas começaram a chegar. Primeiro mansamente, um pontinho lá longe. E foram chegando e conquistando as partes mais baixas, assim como se fossem as donas. Começaram a formar pequenos braços e, em pouco tempo, os braços eram poderosos como polvo. “Tudo ficou submerso, como se nunca tivesse existido.”
As seguidas inundações modificaram completamente o desenvolvimento populacional da cidade. Em 1950, de acordo com as Estimativas do Departamento Estadual de Estatísticas de Minas Gerais, citadas por Jurandyr Pires, a cidade possuía 14.264 habitantes. Após as primeiras inundações, houve um grande êxodo demográfico, chegando possuir a cidade, de acordo com o IBGE, no ano de 1970, 8.352 habitantes, no ano de 1980, 6.019 habitantes, no ano de 1991, 6.652, no ano de 2000, 7.591 e no ano de 2005, 8.199 habitantes.
A cidade até a década de 1950 tinha como sua principal atividade econômica, de acordo com o Recenseamento geral de 1950, citado por Jurandyr Pires, a agricultura, pecuária e silvicultura, onde os principais produtos eram o arroz, milho, feijão, cana de açúcar, mandioca, algodão, pesca e pecuária. Grande parte desta produção era destinada aos mercados consumidores de Belo Horizonte, Pará de Minas e Divinópolis, em Minas e São Paulo e Distrito Federal, fora do estado.
A partir da inundação de muitos campos, segundos dados recolhidos pela Fundação João Pinheiro, expostos no site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a cidade tentou recuperar sua produção agrícola, mas, essa foi paulatinamente perdendo espaço para o setor de serviços aliado ao setor industrial (pequenas indústrias). Hoje, segundo o prefeito municipal Walter Francisco de Moura, a cidade procura estabelecer-se como polo turístico, aproveitando as margens da represa para o turismo ecológico e rural; e principalmente na produção de tilápias em tanques rede.
Assim o Município passou, após a década de 1950, por um processo de diminuição drástica de sua área rural, perdendo essa importância perante a área urbana.
Segundo dados registrados pelos Serviços de Estatística da Viação e da Produção de Minas Gerais, citados na obra de Jurandyr Pires, em 1954 a área urbana local possuía 275 edifícios, 39 logradouros públicos, iluminação pública e domiciliar e fornecimento de água para parte da população.
Hoje, segundo dados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a cidade já possui uma estrutura urbana mais bem consolidada, com grande número de ruas, fornecimento de luz domiciliar e pública pela CEMIG, de água e esgotamento sanitário, pela COPASA.
Em 1962, segundo o site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Biquinhas é desmembrado de Morada Nova de Minas e passa a ser um município independente. Hoje Biquinhas é um município limítrofe, como também o são: Tiros, São Gonçalo do Abaeté, Paineiras, Felixlândia, Três Marias e Pompéu.
A educação na cidade alcançou melhoras nos resultados da década de 1950 até os dias de hoje. De acordo com informações do Atlas dos Municípios Brasileiros, em 1955, somente 59,72% das crianças em idade escolar estavam matriculadas em alguma escola local. Hoje, segundo dados do site Cidades do IBGE, mais de 87% das crianças em idade escolar frequentam instituições de ensino local.
Segundo o Plano Decenal Municipal de Educação 2006-2015, em 1998:
"Houve a municipalização das escolas estaduais e a nucleação das escolas rurais. Devido ao número de professores estaduais efetivos, excedentes, em março de 2001, a Escola Frei Orlando foi devolvida ao Estado, garantindo a estabilização dos mesmos."
Ainda segundo o Plano decenal:
"Em junho de 2003, aconteceu o Primeiro Fórum Municipal de Educação, com o objetivo de levantar dados para a elaboração do Plano Decenal Municipal de Educação 2006-2015. O resultado serviu como ponto de partida para a melhoria da qualidade do ensino do município." Através do Internato Rural, convênio entre a Prefeitura e UFMG, desde 27/06/2000, as escolas do município recebem apoio de estagiários nas áreas de psicologia, odontologia e medicina. O aumento do número de especialistas nas escolas, o serviço de coordenação por área, à introdução a aulas de inglês e educação física nas fases inicias do ensino fundamental e a informatização são inovações que estão influenciando positivamente despertando maior interesse dos alunos e consequentemente maior preocupação em capacitar-se por parte dos professores, adaptando-se às novas exigências do sistema educacional.
O primeiro centro de saúde local foi a Casa de Caridade São Sebastião, hoje hospital. Essa foi inaugurada em 09 de agosto de 1964.
O desenvolvimento político local, segundo dados recolhidos no site oficial do IGA, desde 1982 foi de sucessão tranquila, seguindo assim os prefeitos eleitos: Olímpio Francisco de Moura do partido político PDS, eleito em 1982; Walter Francisco de Moura do partido político PMDB, eleito em 1988; Agenor de Campos Santos do partido político PMDB, eleito em 1992; Walter Francisco de Moura do partido político PMDB, eleito em 1996; Agenor de Campos Santos do partido político PMDB, eleito em 2000; Walter Francisco de Moura dessa vez pelo partido político PSDB, em 2004; Alexander da Silva Rocha do partido político PSB eleito em 2008, e atualmente o prefeito municipal voltou a ser, Walter Francisco de Moura pelo partido político PSDB, eleito em 2012.
O Poder Legislativo de Morada Nova de Minas foi constituído em 1947, aos dias 06 de dezembro.
"Reuniram-se os vereadores eleitos do município, já denominado Moravânia, para a fundação da Câmara Municipal desta cidade. Em reunião presidida pelo MM. Juiz de Direito Eleitoral, Dr. José de Castro Pires, foram empossados os vereadores da primeira legislatura desta Câmara; sendo eles: José Rodrigues Junior (presidente), Arnaldo Xavier Cordeiro (vice-presidente), Geraldo Mendes Morato (secretário), Ananias Xavier Artulino Lucas da Silva, Francisco Joaquim dos Santos, Sebastião José de Moura, Augusto Oliveira Couto e Inácio Pereira de Souza."
Morada Nova de Minas possui uma intensa atividade comunitária que se expressa com bastante clareza em suas várias associações e entidades. As duas primeiras surgiram na década de 1950, uma dedicada à música, a Corporação Musical Santa Cecilia e a outra a assistência social, a Sociedade São Vicente de Paula através de sua Vila Vicentina. A partir desta época, várias outras entidades foram formadas, e hoje, Morada Nova conta com as seguintes associações: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE; Associação dos Moradores e Produtores de Cacimbas e Região; Associação dos Piscicultores de Morada Nova de Minas; Associação dos Artesãos Moradenses; Clube de Mães Dona Rosalina; Grupo Esperança Terceira Idade; Lar dos Meninos de Dom Orione, o Sindicato Rural de Morada Nova de Minas, Associação dos Feirantes, Associação dos Comerciantes, Associação dos Estudantes, Associação dos Moradores do Bairro São Geraldo.
Outro dado interessante, é que há 16 anos a cidade possui uma casa de Cultura com sede própria.
Sobre a zona rural e suas comunidades sabe-se que suas áreas foram desbravadas junto ao centro do Distrito Sede. A zona rural de Morada Nova de Minas sofreu muito com a inundação da represa de Três Marias e com a subsequente perda de terras férteis. Hoje, já reestruturada, a zona rural de suas comunidades, portos e distrito são compostos de grandes propriedades pertencentes a grupos de empresários, pequenas propriedades de sitiantes e veranistas situadas na maioria nas margens do lago da represa de Três Marias.
Os portos funcionam corno meio de ligação mais rápida entre a zona urbana, zona rural, distrito de Frei Orlando e as localidades rurais do município. A praia Pontal do Guará é um dos grandes atrativos dessa área.
O Porto Novo, construído na década de 1980, é o principal de Morada Nova de Minas, pois, liga a cidade a uma estrada que permite acesso a BR-040, é por ele que alguns veículos vindos de Belo Horizonte chegam até a cidade. Esse porto conta com duas balsas. A porção da margem onde se situa o Porto Novo de tempo em tempo recebe uma camada de cascalho para que, ao desembarcarem, os veículos não corram o risco de ficarem atolados no barro formado durante a estação chuvosa, além do mais existe um calçamento de blocos de rocha em boa parte da orla do porto.
O Distrito de Frei Orlando, onde está localizada a Capela de São Geraldo, possui pavimentação nas ruas e suas construções possuem somente um pavimento. Esse Distrito chamava-se Junco e mudou de nome pela lei nº 336 de 27/12/1948, em homenagem ao nacionalmente ilustre Frei Orlando.
O povoado de Traçadal localiza-se em uma das poucas regiões do município de Morada Nova de Minas onde o relevo é mais íngreme. A Capela de Born Jesus da Lapa está localizada logo na entrada do povoado. A imagem de Nossa Senhora de Fátima é um bem móvel integrado localizado nessa capela. As ruas de Traçadal são todas de terra, e bem próximo às casas dos residentes desse povoado estão currais e lavouras de pequenas propriedades.
Outra comunidade da zona rural é a de Vau das Flores. Vau das Flores surgiu de famílias fugitivas da justiça. Famílias essas: Os Souza e os Benevides, que vieram de Sete Lagoas e aqui compraram terras. Os filhos destas famílias de Malaquias de Souza, Antônio de Souza e Francisco de Souza, juntos a outro grande fazendeiro da época, João Jacob de Vargas compraram o terreno e doaram para "São Sebastião", para o então chamado "certidão da pobreza". Tal fato ocorreu em meados do século XX. Aos poucos o lugarejo foi transformando-se em povoado, daí a necessidade de um nome. Ao fundo do lugarejo havia um córrego, onde as margens eram cobertas de flores. Nesse córrego as pessoas passavam a vau, daí o nome: Vau das Flores.
HISTÓRICO DA INUNDAÇÃO E DA REPRESA DE TRÊS MARIAS
Segundo o livro "Por que construí Brasília", a Represa de Três Marias, tida pelo então presidente Juscelino Kubitschek como uma das mais relevantes obras de seu governo, e construída em tempo recorde, tendo, entre outros objetivos, o de amenizar os comentários da oposição de Juscelino, que o acusava de ter relegado Minas Gerais a segundo plano, dentro de seu plano de modernização do país. O Lago de Três Marias surgiu do represamento do Rio São Francisco, formado com a construção de uma das maiores barragens de terra. Teve como principais objetivos a regularização do curso das águas do rio São Francisco nas cheias periódicas e melhoria da navegabilidade; a utilização do potencial hidrelétrico e o fomento da indústria e irrigação.
Ainda segundo o livro "Por que construí Brasília", a grande obra foi iniciada em 1957 e concluída em janeiro de 1961, representando um verdadeiro recorde mundial de construção desta natureza. A Barragem tem 2.700 metros extensão com base de 600 metros, altura de 75 metros e sua usina gera 396.000 KW. O Lago, apelidado de Doce Mar de Minas, tem 21 bilhões de metros cúbicos de água, 1.040 quilômetros quadrados de superfície (8,7 vezes maior que a Bahia da Guanabara), e banha 8 municípios. A velocidade da construção foi expressiva devido ao compromisso de Juscelino Kubitschek com o cumprimento de suas metas de governo, entre as quais se incluía, ainda, a ponte do Rio São Francisco, a BR 040 e a nova capital federal. As obras da barragem eram realizadas em dois turnos, empregando em torno de 10.000 pessoas. As águas invadiram terras, fazendas, casas, arruinou a promissora economia pecuária e pôs em risco de extinção a expressiva fauna e flora da região, causando impacto ambiental de proporções incomensuráveis. A história oficial não informa a respeito do impacto de tamanha transformação para os sertanejos, a comunidade mais desfavorecida e de menor poder político. Alguns historiadores e estudiosos do sertão mineiro, como Dirce Cortes Riedel, informam que a população das cidades atingidas pela represa demonstrou seu desagravo até o último momento, firmes na vontade de ficar no sertão, mas acabaram saindo às pressas, muitos para longe do município. Como na profecia de Antônio Conselheiro, "o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão", para as pessoas daquela região rural, distante dos grandes centros e com poucos recursos tecnológicos que compunha a imensa parte do país no final dos anos 50, a infinidade de águas que cobririam tudo o que representava sua história e sua vida era de uma magnitude quase impossível de se descrever em atos e palavras.
Dentre os sertanejos da região da construção do Lago, que ainda abrange os municípios de Buritizeiro, Lassance, (ao norte), Felixlândia (ao sul), Corinto (a leste) e São Gonçalo do Abaete (a oeste), além de Morada Nova de Minas; José Luiz de Almeida, noventa anos de idade, a época da barragem lavrador rural e hoje barbeiro aposentado em Belo Horizonte, radicado na capital mineira desde 1959, nos conta a sua versão dos fatos. José Luiz é casado há setenta anos com Dorlina Fagundes dos Santos, da família dos Fagundes, ainda hoje conhecida no município. Dorlina, 86 anos, como a maioria das mulheres nascidas na região nos princípios do século passado, jamais frequentou escolas, uma vez que a instrução formal, quando havia, era relegada aos filhos homens — as mulheres eram reservadas a manutenção do lar e a criação dos filhos. Ambos nasceram na região, e após se casarem, moraram onde hoje é área alagada, exatamente em frente ao Casarão, hoje tombado pelo governo municipal. José Luiz conta que, em seu tempo de jovem, o casarão era muito frequentado e foi palco de grandes festas e encontros políticos relevantes para a região.
Ele nos conta, ainda, que a época das construções da represa, as pessoas "de posses" do município foram avisadas pessoalmente, ou através de carta, sobre a inundação (que faria de Morada Nova de Minas o único município do estado de Minas ao qual se chegava exclusivamente pelos portos até há menos de uma década, quando foi criada uma abertura por terra, via município de Biquinhas), aos sertanejos pobres, a comunidade que não dispunha de posses ou poderio político, restou o aviso dado através de informes jogados a esmo de um avião que sobrevoou o município. O relato de José Luiz de Almeida remete as caracterizações que João Guimarães Rosa, em seu "Grande Sertão Veredas", faz do povo e das características daquela região. Em sua fala, é latente que a modernização do país, com as suas obras gigantescas e inéditas àquela época, custou caro aos que compulsoriamente cederam suas moradas, seu habitat e tiveram parte de suas memórias submersas pelas águas da represa. Com as terras alagadas, o desenvolvimento agrícola determinantemente comprometido e sem maiores perspectivas de crescimento social e econômico, senhor José Luiz embarcou o filho mais velho na balsa — único meio de acesso e transporte do município a época — e, assim que o filho encontrou um lugar que pudesse receber o restante da família, mudou-se para Bob Horizonte, levando os filhos menores, a grande maioria ainda crianças. Embora seu relato seja particular e referendado à sua história, muitas outras famílias (entre elas, a de vários irmãos e irmãs de Dona Dorlina e do Sr. José Luiz, que são primos em primeiro grau) migraram para a capital mineira, à época uma cidade relativamente nova e com necessidade latente de mão-de-obra, buscando possibilidades de sobrevivência, dada a inércia desenvolvimentista que estagnou o desenvolvimento econômico de Morada Nova de Minas a partir de sua divisão geográfica a das profundas mudanças ambientais e sociais que a criação da represa trouxe ao município.
Hino à Morada Nova de Minas
Morada Nova de Minas de beleza sem igual
Vem desfilar na avenida seu tesouro de beleza natural
Quem a conhece aqui volta, no sem campo verde e seu céu de anil
É cidade hospitaleira é orgulho do nosso Brasil .
E o teu povo que te idolatra com carinho e devoção
Veio das sombras para modernização, vai para sempre te amar
Rico ou pobre, preto ou branco sem receios raciais
Pra te manter em ascensão de um tudo faz
Nunca te ver naufragar, Morada Nova .
ASPECTOS NATURAIS
Geologicamente o território do município de Morada Nova de Minas está situado sobre uma porção das formações Três Marias e Formação Serra da Saudade, ambas datadas do Proterozóico Superior e pertencentes ao Grupo Bambuí, sendo os siltitos e verdetes rochas da Formação Serra da Saudade e os arcósios e pelitos as rochas da Formação Três Marias. Na porção noroeste do município ocorrem rochas do Supergrupo Paraopeba Indiviso.
"Recobrindo em parte o Supergrupo Paraopeba, comparece a formação Três Marias (Branco e Costa, 1961) que representa a sedimentação siliciclástica, em ambiente de bacias antepaís, da porção superior do Grupo Bambuí. A Formação Três Marias composta por arcósios, arenitos arcosianos, siltitos e intercalações coglomeráticas" (Branco e Costa, 1961; Brun, 1968; Grossi Sad e Quade, 1985).
A maior porção do território de Morada Nova de Minas situa-se sobre depósitos coluvionares, aluvionares e terraços dos rios São Francisco, Borrachudo e Indaiá, o que confere ao relevo predominante do município um aspecto de ondulado a suavemente ondulado.
A temperatura média anual é de 22,6 °C, com máxima média anual de 30,2 °C e mínima média anual de 16,6 °C. O índice pluviométrico médio anual é de 1118,9 mm. Duas estações são bem definidas: uma chuvosa que ocorre entre os meses de outubro e março e outra seca que perdura de abril a setembro.
A pouquíssima vegetação, ainda não suprimida pela agroindústria atuante no município, é um residual do cerrado.
Os cerrados, que tem sua área no Brasil central, em escala mundial são classificados como savanas úmidas. Em verdade, porém, os cerrados representam uma vegetação "sui generis" com características de estrutura e composição própria, cortadas pelas matas galerias junto aos cursos d'água (Tropmair, 1995).
Uma importante característica dos aspectos naturais de Morada Nova de Minas é a imponente beleza cênica do lago formado pelo represamento das águas do Rio São Francisco no município de Três Marias. A maior parte da margem esquerda do lago está no município de Morada Nova de Minas, conferindo ao mesmo, amplas possibilidades turísticas, com várias praias com condições favoráveis ao lazer.
Morada Nova possui também rico artesanato local, cuja tradição é mantida prioritariamente pelas mulheres do município, que efetuam trabalhos manuais como Crochê, Bordados, Pintura em tecidos e telas, Artesanato em Madeira e Tapetes.
A cidade possui grande diversidade religiosa, e um número expressivos de fiéis, em variadas religiões e seitas distintas, como as Igrejas: Católica Apostólica Romana, Batista, Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e Espírita.
por Prefeitura